Um Dom não dá pra evitar!!

Desde pequena tinha fixação por trabalhos manuais, as aulas de artes me encantavam, a música, a dança, o teatro, e ortodoxamente a advocacia me enfeitiçavam, passa-se a infância e ainda adolescente entro meio que de para quedas no ramo da Educação, aos dezesseis anos nem me sentia gente e já me via cuidando de gente.
Ainda com medo, mas hoje sou grata por meu pai logo cedo me encaminhar ao trabalho, parece que ele carrega uma bola de cristal...aos vinte, já formada, assumo a parte pedagógica de minha escola, ou melhor da NOSSA ESCOLA, herança de família, mas não um patrimônio e sim um alicerce de base, construção, ensinamento, passados de geração à geração há quarenta anos, Vovó, Painho e Mainha e agora a gente( eu e meus irmãos).Espero de coração não desmerecer os votos do meu pai, que nunca me enalteceu uma profissional por ser sua filha, e eu sofria com isto, mas se me deu credibilidade para cuidar de algo que tanto preza, com certeza foi por mérito meu.Enfim, passaram quatorze anos, adquirindo experiência, inovando e me qualificando no ato pedagógico, mas sem perceber em meio a toda história da escola a qual eu estava totalmente envolvida e apaixonada, surge de forma imperceptível o afloramento de um dom desconhecido, mas existente nas veias, Roberta (minha mãe), sempre perfeccionista, detalhista e habilidosa, cresci vendo-a dedicar-se aos eventos com tanta devoção, capricho e cautela, que o resultado sempre me enchia os olhos, abro aqui um espaço à minha festa de 15 anos,totalmente criada, idealizada por ela e concretizada por painho, minha festa dos sonhos onde tive minha primeira idéia realizada, "minha valsa será no meio da piscina,numa ponte elaborada exclusivamente para este momento" e assim foi feito.Aos dezoito, numa das viagens de meus pais, me vi diante de uma simples formatura do ABC...pensei: -Ai que medo! Ela não está aqui, como vou fazer isso sozinha? Mas a teimosia foi algo que sempre foi gritante em minha personalidade e me fazia e faz enfrentar todos os medos, então eu fiz.Deste dia em diante, me vi fazendo junto à ela todas as festas do colégio, mas sempre seguindo sua linha...nos dias dos eventos, sempre descalça pela escola, coordenando nossa equipe e transformando paredes em ambientes, mesas em palcos, bacias em arranjos, quadras em circos, crianças em personagens, etc, etc, etc...as idéias me dominavam, não paravam de chegar, mas tudo era tranqüilo, nas limitações da escola e com datas programadas. Aos vinte e cinco anos, DEUS me envia, o meu complemento, meu momento único e singular, estar grávida, foi o maior presente de minha vida, e neste momento, totalmente abençoada, deparei-me com o que chamamos de “bom gosto por excelência” , com um amor incondicional me via preparando cada detalhe para chegada de Maria Paula, com tanto esmero, que no fim da gestação quem mais se surpreendeu fui eu mesma, enxoval, álbum ,quarto, lembranças etc, etc, rendem comentários até hoje, mas até ali tudo continuava exatamente ali, porém um ano passa rápido, e Mamá logo completara um aninho, e advinha? A dedicação ao seu primeiro aniversário, o primeiro aniversário de MINHA FILHA, me trouxe à tona a quebra dos limites, sai da linha de minha mãe e fiz a minha, e a realização de um mundo encantado, transformei um sonho em realidade, e O REINO ENCANTADO DE MARIA PAULA, encantou de forma estrondosa a todos que ali estavam, via no semblante dos que mais me conheciam (meus pais) surpreendidos com cada detalhe e momento da festa, pareciam não acreditar, os olhos me falavam: -De onde essa menina tira essas coisas? Nem eu sei, só sei que as idéias surgem e surgem sem parar. Me agarro nestas idéias, e passo ali meu amor, minha dedicação a cada detalhe, sem nenhuma pretensão do que ainda estava por vir...mas...um ano passa rápido, e Mamá completaria logo logo dois aninhos, surge então UM MUNDO LILÀS PARA O BARNEY E MARIA PAULA, uma festa menor, mas com dedicação maior, fiz questão de confeccionar à mão e punho, de por o meu amor em cada detalhe de forma mais arrojada, espelhos, cetins, cristais, lanterninhas, borboletas, misturavam-se com um cenário infantil, fazendo do mundo lilás de Mamá, ser diferente nos detalhes, motivo: amor. Ainda sem pretensão do que estaria por vir, algumas semanas depois me procuram para saber onde loquei o bolo de aniversário de minha filha, ao relatar que não loquei e sim o criei, surge meu primeiro evento, em 2007, onde me vi do nada assessorando, decorando e montando o cerimonial de uma festa infantil que chamou atenção inclusive dos proprietários e funcionários do salão, que me acolhem com carinho, respeito e credibilidade até hoje, sou grata pelo espaço me cedido por Ricardo e Luciana. Mas, eu pensava que parou ali...será? neste mesmo ano, uma de minhas melhores amigas,admiradora e incentivadora:Laura , me procura pra dizer que seu irmão radicado em Brasília quer fazer uma festa, e o que eu achava....uma semana depois eis que aparece em minha vida um parceiro: Márcio Lacerda, com a idéia de um reveillon, não levei muita fé, pois eu não tinha experiência alguma, e Márcio sempre antenando, freqüentador das melhores festas jamais imagináveis por mim, não acreditei que realmente fosse levar isto adiante, mas começamos a trocar idéias acerca deste evento, e modernidade X criatividade, pareciam ser o encaixe perfeito, as idéias batiam, e nossa parceria resultou no Idian Réveillon 2007, um sucesso que me pôs à prova, e me deixa grata à Márcio por ter apostado em mim, quando nem eu mesma apostava.Como também à Serginho e à Dona Marizete.. Daí em diante, com um evento na mídia e nos olhos dos que lá estavam, o boca à boca, me rondou, mas eu me esquivava, pois não era minha profissão, o Colégio existe, e sempre estará em primeiro lugar,mas o homenzinho da bola de cristal, me fez sentir com todo seu apoio uma abertura para seguir pelos dois ramos,e ao dizer:-Não jogue fora o seu dom minha filha, você tem talento! Me fez querer levar adiante este segmento...e vem investindo em mim da melhor forma, simplesmente apoiando. Enfim, tentei até fugir, já denominei de hobbie, passatempo, de vez em quando, mas a cada procura, ainda não consegui dizer um não, é uma coleção de filhos (pois cada evento é uma parte de mim) e quem já viu uma mãe renegar um filho amado? Aceitei meu dom e adotei esta arte como mais uma profissão, e a cada trabalho realizado a vontade é de continuar e continuar, e assim venho vivendo, e aprendendo, que o que tem de ser, será, e não adianta se esquivar.Hoje sou levada pela vocação de meus dons, nunca fui só uma, sou feita de Renatas, uma Renata que adora ler, outra Renata que não consegue parar de escrever, uma Renata que ama educar, Renata que ama decorar,e mais ainda sou e sempre serei a Renata mãe, que ama a sua Mamá.

RV