quinta-feira, 2 de julho de 2009

O saber desarrumar!

Sempre escrevo me retomando a episódios reais ou fictícios, mas por trás de toda escrita tenho uma história, nesta, me remeto a um momento de conversa com um amigo num barzinho onde conversávamos sobre a decoração do local, coisas encontradas lá precisavam apenas ser recolocadas e desarrumadas da forma certa.


É preciso saber muito para desarrumar as coisas com perfeição. Só a um mestre é permitido o dedo da desarrumação perfeita. Não tente você, se não souber como, desarrumar algo. Guimarães Rosa desarrumava o idioma. Picasso, antes de desarrumar a arte e fazer a sua revolução, foi um acadêmico comportado. O bom e velho Niemeyer continua ainda, com seus traços firmes, vigorosos e elegantes, a desarrumar a arquitetura. Grandes estilistas desarrumam a moda de tempos em tempos.


É preciso primeiro dominar a técnica para depois conquistar a arte. É preciso saber fazer super bem para depois desarrumar.


Lugares simples, de objetos simples mas com efeitos visuais, efeitos hirtóricos, me lança à esta arte, que distância entre o ambiente simples, de gente simples com os bares arrumadinhos e esteticamente ascéticos da moçada de hoje! Nada contra a nova arquitetura de interiores, com seus frisos de aço, néon, banquetas desconfortáveis, cenários e adereços comprados nas lojas especializadas. Seus cardápios artisticamente impecáveis na arte gráfica e falsos no sabor e na qualidade. Com seus visuais perfeitos e limpos, mas com serviços beirando o desleixo e o descaso. Investe-se muito na estética e pouco no treinamento de pessoal.

Viajando na net, exponho uma porcetagem:
"Dizem que se perdem clientes na ordem de 68% por mau atendimento. Muitos restaurantes e donos de bares na moda pecam feio no detalhe mais simples, o sagrado ato de servir. "


Talvez minha pessoa até os confunda, e pasmem...até me enquadro no grupo yuppie, mas não me entusiasmo pelo estilo yupiie ou patricinha dos locais, eu prefiro a estética dos ambientes da simplicidade. E mais ainda, a mistura do simples dentro do grandioso e vice versa.


A escola de arquitetura alemã dos anos vinte e o zen nos ensinam que menos é mais. E é a mais pura verdade!


Um bom lugar para admirar o menos que é mais, são bares e restaurantes por issso os cito. E os simples impressionantemente são grandes em história arquitetônica, a história começa com seu próprio proprietário e estes têm a mesma medida: sabem ser populares sem serem popularescos, caminham pelo ingênuo, pelo naif sem serem kitsch. "As paredes de seu estabelecimento falam sem nem falar, - Venham sempre aqui! Esse cara é um bom sujeito, a comida é boa, o pessoal atende bem e a gente sabe contar histórias, estão todas nas paredes da casa. " e isto é o que atrai pessoas, saber contar sem falar suas centenas de histórias e tornar seus clientes mais uma delas.


E é nesta arte de desarrumar, que me encanto na arte de falar sem falar, expor na arte a história de cada objeto, expor no simples algo grande, e no grande mostrar que o menos nada é mais que o mais. O belo se apresenta em arte à optar, você pode simplesmente comprar, ou ser artista de seu espaço e transformar um canto num recanto singular.

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