quarta-feira, 1 de julho de 2009

O Vício e o Jornalismo

Primeiramente estou estuperfata com tamanho vício que a blogosfera impõe, pois propícia a lapidar meus textos com mais tranquilidade para que estes se apresntassem de forma mais primorosa, tinha comigo o propósito de trabalhar acerca de idéias e textos por um tempo indeterminado para por seguinte postá-los diariamente e consecutivamente, mas... mal terminei o primeiro e já quero postá-lo. Este texto ja venho seguindo desde maio, mas ao término, a ânsia em postar está sendo maior que saber esperar os demais. Logo, quebrando minha greve, retomo meu blog acerca da primeira idéia e tema que me enamora: O jornalismo, mas falemos no aspecto, diante das atuais circunstâncias e qual será o seu futuro.
Nestes dois últimos meses, foi destaque em alguns jornais dos EUA e da Europa a discussão sobre o futuro dos jornais. No Brasil, a repercussão atingiu alguns dos principias jornais que também abordaram o assunto. É indiscutível a relevância do assunto para a sociedade e positivo que os jornais se proponham a abrir para os seus leitores, aspectos de seu próprio negócio. É como se os jornais que, por ofício, sempre tratam das crises alheias, também invocassem um minuto para tratar de seus próprios problemas.
Apesar desta relevância, talvez desacostumados a expor questões “tão pessoais”, os jornais acabam desarticulados quando abordam os seus próprios desafios. Alguns, mesmo querendo adotar um discurso mais moderado, não conseguem disfarçar o medo de que a internet acabe com o seu negócio. Ainda não se conseguiu criar um modelo vitorioso pela cobrança de informações na web, isto, segundo alguns, poderia ser uma ameaça para a existência do próprio jornalismo. A crise por que passam jornais tradicionais como o New York Times e o Chicago Tribune parecem confirmar as profecias mais pessimistas.
No entanto, é preciso separar as coisas. Empresas em crise existem em todos os setores, sobretudo neste momento, e várias são as razões que levam empresas jovens ou tradicionais ao endividamento e/ou à insolvência. Do outro lado, os jornais nunca tiveram tanta audiência, se somados os leitores do impresso e da web.
É quase óbvio dizer que o negócio dos jornais não é o papel, mas conteúdo jornalístico. Mais ainda, o business de um jornal é constituído fortemente pela relação de confiança que estabelece com os seus leitores, que não costumam trocar com facilidade o seu jornal, como fazem com outros meios. Assim, news e credibilidade constituem o negócio dos jornais, e não o papel, que é apenas uma plataforma, das diversas possíveis.
Alguns lêem o jornal impresso pela manhã e se atualizam pela internet sobre os últimos acontecimentos durante o dia, inclusive nos sites dos próprios jornais. Outros optam por uma ou por outra plataforma. Em qualquer delas, seja no impresso, na web, no celular ou em qualquer outro canal, pesa mais do que nunca o valor da marca, a história, a credibilidade, a relação com o leitor. Nisto, os principais jornais de diferenciam bem das inúmeras opções ofertadas atualmente, a maior parte de qualidade muito duvidosa. Desta forma, audiência não é problema para os jornais. Se forem acrescidos os jornais populares, os jornais gratuitos e os gratuitos para assinantes, esta é inúmeras vezes maior do que há apenas alguns anos atrás.
O grande desafio, no entanto, é o modelo de negócio. Tradicionalmente, a receita de um jornal é composta na maioria das vezes por três partes aproximadas: circulação, classificados e publicidade. É uma fórmula que precisará ser modificada, e que é objeto de discussão nos jornais e congressos do setor em todo o mundo. Não há fórmulas únicas e mágicas, mas caminhos a serem criados
Isto, porém, não é um privilégio da indústria jornalística. Outros setores passam por questões semelhantes, inclusive as mídias eletrônicas, que também são afetadas pelas novas tecnologias e mudanças de hábitos dos consumidores. A discussão é rica e não deve estar restrita aos especialistas. É preciso que os jornais sejam transparentes quanto aos seus desafios. Eles têm um papel fundamental na sociedade democrática. Sabemos que a independência econômica passa pela existência de negócios lucrativos, único caminho para que este papel possa ser plenamente exercido.

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